terça-feira, julho 19, 2005

Estou


Estou como uma ave caída
num solo desconhecido, além...
onde não se vê ninguém
onde apenas existe vazio
e frio dum inverno
que nesse lugar ninguém tem.


Presa às asas pesadas
de papel, molhado e salgado
das lágrimas que ainda são
caídas e enterradas
num peito por mim descrito
num grito de solidão.


E continuo sem rumo
como quem vagueia sem saber
que partiu sem destino
e continua trilhando esse caminho...
Desenhado com cinzas de alegria
duma felicidade espalhada pelo chão.



Cathy

quinta-feira, julho 14, 2005

Com Medo

É como um segredo
Que se tem escondido lá dentro
e toda a genta cá fora
consegue ver o seu perfil sombrio
daquela neblina revoltante
que aparece numa manhã de verão
quando se queria sol ardente
e ao invés disso temos solidão.

É desesperante essa ansiedade
de querer andar e continuar ali
sem se mover de sitio
sem conseguir andar para a frente
como se o corpo estivesse doente
e a cura nunca mais tivesse fim...

É como uma ferida
que magóa o próprio pensar
é assim o medo...
medo de parar e de caminhar.
Mas é inutil como chorar
porque se mantém vivo
crivado no rosto e na pele
procurando ansioso asas de papel
fáceis de cortar, queimar...
mas são molhadas que ficam
essas asas que não sabem voar.
Cathy

quarta-feira, julho 13, 2005

Medo Desassossegado


Abre-se a porta da frente
e corre-se sem saber se vem gente;
como se o mundo fosse entrar
corendo por aquele lugar pequeno
cheio de mim, vazio de ti...

Abre-se a janela que existe
e foge-se sem saber para onde
ou porquê deixar entrar o ar
só sei que é a corrida que conta
até chegar onde toda a gente se esconde...

E então pára-se de correr
e para trás ficou a vida
e a grande e completa vontade de viver.
Vontade que não passou disso
dum desejo tão forte e desassossegado
agora sem medo de ser libertado...

Cathy

segunda-feira, julho 11, 2005

A Minha Paixão


É uma volúpia encarnada
no corpo duma pessoa
que se veste de amor pela alvorada
e desce o meu caminho
silêncioso, como sereno na estrada;
e encontra-se comigo
durante o fogo posto, até ser madrugada;
e beija o meu corpo no meu rosto
como se eu fosse flor desabruchada,
que teve a ventura dessa volúpia
do meu corpo nessa pessoa amada.

Cathy

sexta-feira, julho 08, 2005

Há Dias Assim


Tem dias assim...
tristes e melancolicos...enfim;
dias sem sol e sem chuva
dias de ti e de mim...
onde os meus dedos dançam
ao sabor de uma canção;
duma metáfora que me vive
onde eu sou o seu refrão...
E a tristeza é insuflável.
Chega mesmo a ser insuportável
e enche as minhas noites
distruindo os meus dias;
faz crescer aquele mar
caindo do deserto do meu olhar
como se um oasis existisse
e eu, agora, não fosse triste...

Cathy