
Deitei a cabeça sobre o mar
E desisti de ti
Desisti de te procurar
Procurar “alguém impossível”
Que se chama e não vem…
Que se tem mas que foge
Que se ama mas parece invisível
E paredes de aço quando chove
E tectos de vidro que não parte
Porque o meu mundo cai
Volta e meia fica devastado
E o teu tecto se mantém envidraçado…
E as janelas que estão abertas
Tem espinhos na vidraça
E eu entro desesperada
E lá dentro sangro amordaçada
Num grito sem voz
Que engulo com água salgada
Que cai no meio de nós
Mas só eu fico molhada… Cathy
Escrevo para nada e para ninguém
Um prazer que eu tenho e que alguém
Por nada, além do prazer, vai ler…
Vai molhar a boca nestas palavras
Inúteis para comer, mas vivas para o olhar
Capaz de saborear e recriar o sabor
Já que olhos não comem
Mas sentem o comer
Já que olho não saboreia
Mas lê o que a alma semeia…
Cathy

Tu que vives de mim
Alimentado pela minha paixão
Que acolhi sofregamente
Por dentro do meu coração
Como se não tivesse mais tempo
E o fim te pudesse levar
Apagando a vela consumida
Duma certeza ainda por achar…
Tu que não tens nome
Mas todos sabem quando existes
Umas vezes maior ou menor
Umas vezes feliz outras triste
Mas sempre único
E verdadeiro enquanto persiste…
Tu és a minha vida
Mesmo que a tua dependa de mim
E vives num beco sem saída
Procurando o inicio em cada fim
Umas vezes ganhas a batalha
Outras ficas despedaçado
Procurando pedaços espalhados
Em mim ou em qualquer lado…
Porque é assim a nossa vida…
Tu correndo dentro de mim
Crescendo, daquilo que me sustenta
Eu vivendo por ti
Correndo atrás do que me alimenta…
Porque a vida é assim…
Cathy