domingo, fevereiro 27, 2005

As Vezes..

As vezes...
Apetece sair da vida e correr... correr sem fugir de nada, mas na esperança de não ser encontrada, seguir escondida... da vida.
As vezes... Meu Deus, não quero que me castigues, mas... apetece-me ser levada, pelo vento, como se fosse segurada pelos cabelos e jogada contra o tempo... sem hipótese de chorar, porque a dor não se manifesta, não há espaço para se magoar...
Apetece dar de caras com a morte, que assombra a minha mente, no sossego das noites sozinhas, suplicantes de palavras minhas, implorando que se soltem e sejam avezinhas... voando... sonhando... E apertar-lhe a mão; dar-lhe um abraço, dizer meio a medo: - morte, vieste cedo!.
Apetece tantas vezes... e muitas vezes sim... não passar do primeiro pensamento... Esquecer de tudo, seguir o instinto do momento mas... As vezes apetece pensar assim, contudo o que seria de mim e do mundo, se no primeiro instante em que pensasse te ter, ter-te sem pestanejar... Sem pensar em mais nada e sem tempo nem lugar, possuir-te ainda assim, dessa forma... inesperada?
E se quando quisesse morrer, morresse sem depois querer; presa dessa forma, ao medo de mim mesma, podendo agir, sem tempo da alma chegar ao coração e dizer: - Sim, tens de o fazer!
As vezes...
Apetece... como agora... não dizer mais nada e deitar-me completamente à deriva, sem saber se és tu que vou encontrar no sonhos vazios de luz, nesta noite que me seduz... por ser minha e ter... O silêncio contido desse teu olhar despido.

Cathy

Passos...

Primeiro foi um passo...
Que trazia medo, incerteza,
Que marcava timidamente
Pegadas de alegria e tristeza.
Foi um passo importante
Que trouxe mais que um beijo
Perdido em frente ao mar
Acolhido por duas almas
Refazendo sonhos no ar...

Encaixando o que deles havia;
Pedaços inteiros de fantasia
Outros incompletos com maresia...
Mas que juntos; um apenas seria.

Depois foi um passo...
Que trazia alegria, ansiedade
Que marcava definidamente
Pegadas concretas de felicidade.
Foi um grande passo...
Que trouxe mais que um desejo
Perdido por entre os lençois
Duma cama que conspirava
Na reconstrução de nós dois...

Reconstrução de sonhos desfeitos
De pedaços que cada um escolheu
Para que lado a lado
Nascesse o único sonho, meu e teu...

Agora é um passo...
Que traz esperança no olhar
Que marca definitivamente
Pegadas impossiveis de apagar
No coração da gente...
É um momento de amor
Que traz mais que a satisfação
Que sorrindo me dá a mão
duma forma meiga...doce
Enchendo de vida o meu coração.

Amanhã? Que importa?
Tenho comigo o passo passado,
O seguinte que foi guardado
Tenho o de hoje, já aqui marcado
Amanhã?... Será passado...


Cathy

sábado, fevereiro 26, 2005

Encontro...(Com a Lua?)

E eu deixei-me ficar ali...parada.

Achei que o tempo não vivia, porque no relógio o ponteiro não andava e apenas a noite crescia no meu olhar já escuro de natureza, vazio agora pela tristeza.
As folhas no chão não se moviam, porque não havia vento - não havia nada naquele momento - apenas o ar parado como se o mundo estivesse desorientado, na busca do seu lugar.
Passos...
O meu peito bateu de repente... O olhar moveu-se de dentro e cá fora espalhou-se pela rua e... eis que nasce o desalento - era apenas a lua .


- Que desilusão! - Disse, em forma de descontentamento.
Então a lua sentou-se, no meio das estrelas, deixou-se olhar para mim e disse:
- Desilusão? Porque choras tu, debaixo do céu estrelado? Porque caminhas esse olhar sozinho, neste frio do caminho?
Quis responder, mas eu não encontrei palavras, entao...
- Que horas são? O meu relógio está parado.
A lua deu uma gargalhada e disse:
- Mais valia que o tivesses perdido, que estares aí a ele agarrada, como se fosse preciso relógio para marcar as horas do momento em que chegará o que procuras.
- Mas... - Quis interromper e não consegui.
- Devias apenas pegar no teu corpo e caminhar até à luz. A única que te ilumina, aquela que te seduz. Largar esse relógio que o tempo reduz e marcar com sorrisos os espaços que ele traduz. Olhar de fora aquilo que escondes aí dentro e não perder um minuto desse teu sentimento.
Que encontro inesperado. A lua, eu e... tudo o que até hoje tenho procurado.
Uma sombra qualquer, que não passe de sombra porque apenas quero sentir; que não passe de cheiro, pois só o seu aroma, e que seja apenas aquela sombra sem tempo, que se deite em mim e se demore no meu sentimento.
- Lua. Eu só tenho o relógio para disfarçar... fingir que existe tempo para marcar. Mas sei que o tempo, para aquilo que procuro, não se mede com relógio... este apenas da-me segurança.
- Segurança? - Perguntou a lua.
- Sim... para não esquecer que tenho que levantar o meu corpo e caminhar, esquecer que mais um dia passou e olhei, e o meu olhar não encontrou, o que todos os dias vê, mas nunca minha "mão" tocou. É preciso marcar o limite da minha espera, senão a vida passa e eu serei Era... a planta que cobre o chão, mas que infelizmente apenas cobrirá solidão.
Passos...
- Perdi o relógio.
E a lua disse:
- Não faz mal. Guia-te pelo coração.
Cathy

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Instrumento dos Poetas

«"Muito tarde aprendi os limites da palavra. Alguns pensam que os seus argumentos, pela sua clareza e lógica, são capazes de convencer. Levou tempo para que eu compreendesse que o que convence não é a "letra" do que falamos - é a "música" que se ouve nos interstícios de nossa fala. A razão só entende a letra. Mas a alma só ouve a música. O segredo da comunicação é a poesia. Porque poesia é precisamente isto: o uso das palavras para produzir música. O pianista usa o piano, o violeiro usa viola, o flautista usa flauta - o poeta usa a palavra".»

in: As Cores Do Crepúsculo A estética do envelhecer

Rubem Alves

Realmente este livro tocou em qualquer parte de mim que me deixa... Sem palavras não será a melhor expressão... mas com certeza, cheia delas, mas nenhuma definitiva; nenhuma representativa do significado que encontrei no livro e, tal como em certas músicas, depois da milésima vez, sempre há uma melhor interpretação do que se ouviu, no caso do livro, do que se leu.
Gostei particularmente do sentimento com que se percebe que este livro foi escrito. Adorei sem dúvida tudo o que ele abordou e... Por isso trago sempre partes que vou relendo, e depois de relidas, melhor entendo e sinto vontade de partilhar.

"(...)A razão só entende a letra. Mas a alma só ouve a música. O segredo da comunicação é a poesia. Porque poesia é precisamente isto: o uso das palavras para produzir música. O pianista usa o piano, o violeiro usa viola, o flautista usa flauta - o poeta usa a palavra"."

Adorava ser poeta...fazer música com palavras... Descobrir em cada uma delas o segredo da comunicação e com isso ganhar a liberdade de entrar e sair... - Do teu coração-.

Cathy

Percebi, à Milésima Vez Que Ouvi

Há músicas que ouvimos e sentimos duma forma mais ou menos emocionada aquilo que ela diz…Mas isso depende muito do momento em que se lê…
Resolvi passar a letra duma música que… me enviaram um dia… quando…chovia!
Hoje, o sentido que ela me deixa perceber, da pessoa que ma mandou, e daquilo que quis dizer, é bem diferente do sentido que dei na altura.
Hoje percebo melhor; hoje tenho certeza do quanto esta música mexeu, na pessoa que escolheu-a como “demonstrativa” do que sentia.
Na altura recebi, ouvi, mas não dei o valor que hoje dou, às palavras que uma simples canção, pode dizer de nós e dos outros… Não percebi quantas lágrimas esta música tinha feito nascer, no olhar da pessoa que me disse: “É assim que me estou a sentir”…Hoje… após muitos momentos em que a ouvi… acho que percebo na perfeição a mensagem que ela quer passar… a única que foi preciso algum tempo para eu no lado de dentro do meu coração a pudesse, sem dúvidas, interpretar.

Lados Errados

Largaram-me a mil metros do chão
Largaram-me, porque me agarrei
Numa alucinação de vida
Que me enchia o coração
E que agora vejo perdida…
Num cair que já não sei…

Largaram-me a mil metros do chão
Reparo o sol que se afasta no ar
Rasgo o caminho onde o vento dormia
Adormeço sentidos no meu furacão
Enquanto sol anuncia ao dia
Sinto o meu corpo; desamparado, deslizar…

Perdi-te do lado errado do coração…
Perdi-te do lado errado do coração…
Mas és tu o meu chão
És tu o meu chão
És tu o meu chão
És tu o meu chão

Enquanto caía a terra rachou
Eu via a queda ainda mais funda
Ao meu lado passava tudo o que passei
Comigo a miragem que nada mudou
Do voo rasante que nem começou
Do tempo apressado, que nem reparei

Sinto os meus gestos flutuar, devagar
No último segredo antes do ódio
Á minha frente um filme de aves sem voz
Quando as ouvi resolvi gostar
Quando as senti fiquei amar
Ter tentado subir, ao cimo de nós

Amei-te do lado errado do coração
Amei-te do lado errado do coração
Mas és tu meu chão
És tu o meu chão
És tu o meu chão
És tu o meu chão


Não sei ao que chamam, lados do coração
Não sei ao que chamam lados do coração…
És tu o meu chão
És tu o meu chão
És tu o meu chão
(Toranja)




Apesar de tudo, gosto da música e em partes dela consigo rever histórias...Cada um pode interpretar à sua maneira, palavras que não foram escritas para serem entendidas por uma só pessoa. Só espero, muito sinceramente, que a pessoa que sentia ter perdido o chão... que hoje já o tenha encontrado... Não o mesmo chão...Esse, passou...Espero eu.
Eu não me importo de ser chão...Porque chão é um lugar de apoio...é uma forma segura de não deixar o outro cair além do que nos sustenta... Chão é firme... é seguro... Chão é... "amor que se dá no escuro".
Eu quero ser o teu chão... Sempre.
Cathy

Por Isso Pesava Tanto...Viver


Um corpo deixou-se cair na praia... onde a luz que havia brilhado durante o dia, ficava agora longe; no horizonte que já partia... numa sombra que nascia, por trás dos olhos do corpo que a acolhia.
Então acendeu-se a lua naquele céu... enorme... imenso... guande demais para aquele corpo; pequeno demais para aquele momento. Mas tudo era único, tudo era... (não sei o que dizer agora...).
Sinceramente... deixei o corpo na praia e vim esconder-me aqui. Nesta folha que não acaba; nestas letras que não me deixam calada; nesta noite que não me adormece, numa música que não se esquece...
Quero... Por favor... eu quero ficar na sombra do luar. Na luz prateada do meu pensamento, que derrama reflexo sobre o mar... estendido à minha volta como se eu fosse ilha e estivesse a chorar; derramando lava salgada para eu própria não afundar, nas águas que me cercam... nas águas que constantemente me estão a abraçar.
Foi aqui que voltei atrás... Fui à praia e trouxe comigo, o corpo que tinha ficado perdido. Olhei-o, e observei as suas feridas e percebi... Não era o corpo que trazia...mas a alma que nele existia.
Por isso pesava tanto... Por isso não tinha sombra e atrás de mim, só havia o reflexo de mim mesma procurando companhia, naquele "corpo" que trazia e que agora sei... Era uma alma "vazia".
Por isso pesava tato, aquela alma que nada tinha; aquele vulto sem sombra... com um corpo que se perdeu, numa praia que, para sempre, escureceu.
E eu pensava que, estando "cheia", uma alma pesaria muito mais, que uma vazia que nada trás.
Pensava ainda que era eu, o peso mais difícil depegar, visto ser corpo e alma, com tanta coisa, por onde se debruçar e afinal... Percebi que pesadas são as almas vazias, que nada tem e são sozinhas. E nem sombra podem ter, porque nada guardaram, nada as fez viver... Bem, mal...que seja...mas viver; duma vida que não importa, onde quer que vá dar aquela porta... Mas que exista porque é na sua existência, que se acha todas as formas de encher a alma, que precisa ser leve, para voar e ser feliz... Para crescer e ser transportanda, além daquele horizonte que parte, naquele praia, que apenas verá um novo sol nascente... Se houver vida, na alma que a cada corpo é inerente.


(li e reli várias vezes as minhas próprias palavras, antes de aqui as deixar, e... Senti-me "nua"... Por isso acrescento... "Quero... Por favor... ficar na sombra da lua".)


P.S: Nós... Somos a "alma" que escrevo com a minha voz... Que canto com a minha caneta e que preencho com os vossos olhos.
Cathy

Antes Fantasia

Quando se ama assim...completamente
Parecendo não ter fim...
Não custa chorar nem rir
Nem custa viver... ou sorrir...
Acha-se sentido no insignificante
Prende-se uma fita à nossa vida
Mergulha-se de cabeça... e de rompante
Vive-se "feliz" e sem saída.

Sem saída para ver realmente
O que nos prende de verdade.
Mas eu vejo... Vejo além do mar
Onde nado arrastando a realidade...

Olho para a noite e vejo o sol,
Como se o dia nunca findasse
E vejo as estrelas brilharem
Como se dos teus olhos se tratasse.
Porque o mundo gira por ti
A vida existe... o dia não tem fim
A noite cresce e vive por mim
A vives tu, e nós viveremos sim...

Juntos pela vida e mergulhados na alegria
de sentir viva, hoje, o que antes foi..."fantasia".


Cathy

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Existir Pelo Prazer de Não Ser Útil

Quem prestado atenção ao blog, percebeu já que a leitura é para mim um prazer, comparável apenas a... pequenos grandes momentos que guardo só para mim... No fundo do coração, como se fosse uma paisagem que só eu posso admirar... E como qualquer paisagem, é sempre única e de difícil descrição. Como se diz no livro As Cores Do Crepúsculo Estética do Envelhecer de Rubem Alves:

«"O que sinto, a verdadeira substancia com que sinto, é absolutamente incomunicável; e
quanto mais profundamente sinto, tanto mais incomúnicável é", diz Bernardo Soares. As paisagens da alma não podem ser comunicadas. A alma é o lugar onde os sentimentos são profundos demais para palavras. "Calamos", diz Sor Juana, "não porque não tenhamos o que dizer, mas porque não sabemos como dizer tudo aquilo que gostariamos de dizer".»

Foi por isto que transcrevi esta parte e por tudo o que sinto sem conseguir concretizar em palavras suficientemente explícitas, daquilo que tenho cá dentro de mim... Tento por meio de outras "vozes", passar um pouco daquilo que se pode recolher de modo a... tornar menos difícil a nossa partilha de... Emoções.
É também por isto que deixo mais um excerto, ainda do livro referido, mas desta vez nada acrescentarei. É daquelas "paisagens" que cada um tem de observar e... mergulhar nela... deleitar-se e... aprender a Ser, unicamente pelo prazer de não ser útil...

«(...) Takeshi Nojima (...) com 80 anos (...). Prepara-se para prestar vestibular de medicina. E ele explica-se: "Parte da minha vida passei cuidando dos meus pais. Outra parte cuidando dos meus filhos. Chegou, finalmente, a hora de cuidar de mim mesmo. Sempre sonhei estudar medicina. Quero agora realizar o meu sonho".
(...)
O meu primeiro impulso foi o de rir ante a loucura de um velho. Será que ele não sabe somar os anos? Será que ele não tem consciência dos limites da vida?
(...)
"É claro que ele sabe de todas as coisas. É claro que ele sabe que, provavelmente não haverá tempo para o exercício da sua profissão. Ele sabe que tudo é inútil. E, a despeito disso, fá-lo. Inútil como aquela árvore que não vivia pelos usos que pudesse ter, mas pela sua alegria de ser".
Utilidade. Colheres, facas, vassouras, alicates, martelos (...): são todos úteis. A sua razão de ser é aquilo que se pode fazer com eles. São ferramentas, meios, pontes, caminhos para outras coisas diferentes deles... Em si mesmos, não dão nem prazer nem alegria a ninguém.
Inutilidade. (...) O pequeno poema de Emily Dickinson que repito de cor. (...) o bonsai de que cuido. (...) Não servem para nada. Não são ferramentas úteis para realizar tarefas. Nem são caminhos ou pontes. Quem tem essas coisas não precisa de ferramentas, pois com elas cessa o desejo de fazer. Quem tem essas coisas não precisa nem de pontes nem de caminhos, porque com elas cessa o desejo de ir. Não é preciso ir, porque já se chegou lá, no lugar da alegria. O prazer e a alegria moram na inutilidade.
E pensei então que aquele homem divino ia fazer o seu curso de medicina como quem escreve um poema (...); para nada, pelo puro prazer, pela alegria de ser. (...)".»
Cathy

O Tempo de Ontem

Quero descobrir a rosa que perfuma
este mundo que perdido
nasce, morre e renasce devagar
sem que me possa levantar
e perceber o que perdi...
ou ganhei por nao gozar
as frases que escondi
numa carta por entregar.
Nas mãos do destino
incerto... Libertino...
na força da água que corre
num rio que não pára
duma vida que se move
e aqui escancara
sua raíz... sua razão.
seu pedido de perdão
por ser hoje a vida parada
levada pela corrente
acorrentada pela âncora
pesada e presa na minha mente
perfurada com o teu olhar
mas que fatalmente caiu
nas profundezas do mar.
Cathy(2004)


Hoje a minha felicidade sorri
grita de contentamento
porque viu no teu olhar
e sentiu na tua voz
o seu coração cantar
uma música que embala
o meu amor a chorar
por ser grande e crescente
por ser frio, de não ser gente
por querer dar e receber
porque não é anjo
é humano e é presente...
é nosso e é quente
e abrasa e refresca
conforme a vontade "protesta"
A felicidade hoje sorriu...
porque...
uma palavra muda um olhar
porque um momento
é qualquer coisa a navegar
em constante movimento
que agora é luz, é arco-íris
daqui a pouco névoa e escuridão
e mais tarde um temporal
que acabada a devastação
se ergue das cinzas e..
renasce no esplendor do meu coração.

Cathy(2004)

domingo, fevereiro 20, 2005

Poeira

Conforme a tarde caía, fui percebendo o tom das cores a mudar... A tarde ficou escura, fez-se noite sem eu esperar.
E do meio de nada, surgiu uma vontade perdida... impensada... completamente descontrolada, de estar sozinha e chorar...
Não sei explicar, porque chove agora no meu jardim. Se por dor e tristeza de estar frio e sozinho; se por alegria e contentamento de... Não sei quê neste momento.
Só sei que a poeira do tempo entrou no meu olhar e cobriu-o de sombra, de trevas sem luar. De palavras vazias, que fazem eco e magoam... De músicas sem som, que se repetem; histórias que já foram e regressam e acabam... Enquanto o tempo sopra o vento que me entope de poeira e depois parte... Rindo-se da brincadeira.
Conforme a tarde crescia, a minha alegria entristecia... Ficou dormindo, embalada pelo teu olhar parado em qualquer lugar, mas que por ser belo, faz o meu se molhar.
E do meio de tudo, surgiu esta vontade precisa... pensada... completamente descontrolada de... escrever.
Não sei explicar porque chovia no meu jardim. Se por dor e tristeza de estar frio e sozinha; se por alegria e contentamento... desta tristeza ser só minha.
Só sei que a poeira do tempo é como a vida. Tem passado, presente e futuro.
O passado é este; o futuro é o agora e o presente... O presente não existe. Então... No presente eu sou triste.

Cathy

Não Digas Nada

Vá lá...Não perguntes nada...
Abraça-me apenas no teu olhar,
Despe o casaco quente,
deixa o meu corpo te cheirar;
Mas não fales... Não agora.
Fica apenas quieto...calado,
Fica comigo, pela noite fora
Cuida de mim aqui do meu lado.

Porque a sombra magoa-me...
Crava-me espinhos o seu olhar
Derruba-me imperiosamente
E eu acabo sozinha... A chorar!

Não digas nada... Por favor.
Beija-me apenas no teu sorriso,
Enche de ti este momento
Com o teu cheiro porque preciso...
Que não fales para te ouvir,
Que nada digas para te sentir,
Que nada perguntes para te mostrar,
Que nada posso senão te amar...

Desculpa-me... Talvez quisesses falar?!
Então é a hora de estar calada... Te esperar.


Cathy

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Mistura Perfeita...(Eu e Tu)

A excitação percorre todas as minhas veias e apetece-me devorar a tua pele… “comer” a tua boca… “mastigar-te”… (como se isso fosse preciso, para sentir melhor o teu sabor).
O sangue corre aos tropeções e eu sinto a respiração aumentar como se tivesse pressa de te agarrar… jogar-te na cama e te arrancar a roupa que te aquece esse corpo que me enlouquece… jogar o meu corpo no teu, como se duma tinta se tratasse e em ti se misturasse…ardentemente até ao fim!
Eu não quero; não quero parar agora… Agora que te toquei e sinto quente a tua mão na minha anca, a outra apoiada no chão…Agora que tocas em mim e sinto chegar depressa o prazer na tua boca, sem que nada o impeça.
Eu vou continuar, com as minhas mãos contornando esse teu corpo…as tuas pernas… ai… a tua boca que continua saboreando a minha pele e… ai, tudo cresce novamente…Alguma coisa tomou conta da gente…


Aumentou aquela chama que ardia branda e agora queima desenfreada, dois corpos molhados, um dentro do outro, ardendo descontroladamente, constantemente insaciados…
Ai… eu quero abrir os olhos e ver a tua face, mas…ai… será possível parar agora? Não, não pares… Fica dentro de mim até passar esta vontade que cresce de te arranhar, esta onde de suor, cheia de sabor, que me lava o corpo colado no teu, com amor… despido por ti, provado sem pudor…
Agarrados. Molhados. Colados; mantêm o movimento que lhes faz encontrar o momento em que se encostam e se apertam e gritam esfuziantes, um pelo outro… na certeza de mostrar… que chegaram ao mesmo tempo, de mãos dadas e a se beijar onde… Daqui a pouco voltarão a se encontrar.
E eu não quero, mas tenho de parar…
Pela voz que me chama para a presente realidade, desta sombra que me acompanha…
Mas podendo serei novamente aquela chama, que se encaixa contigo na mesma cama, cheia de beijos e abraços… molhados na tua pele, que me faz acender e arder, sem nunca chegar a ser cinza… no cinzento do dia que nasceu… e que fez-nos queimar um no outro com prazer…incendiando as roupas que trazíamos, ao ponto de as perder… Ser o que foste como eu…fogo que nasce e não enfraquece…porque hoje não é ontem, e ele ainda me aquece…
Na lembrança da tua língua perdida no meu corpo e do meu perdido…pedindo mais, deliciado, excitado… vivendo contigo um momento que não morre... Não se desfaz...

Cathy

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Tu Transformaste-me

Eu era…
Uma chama fraca que brilhava tão levemente que apenas um olhar doce, como esse, poderia me perceber sozinha, chamando do meu silencio, por uma ajuda que nunca vinha.
Assim com mãos de seda, pegaste no meu corpo frágil e guias-te em direcção a lugar nenhum…O vento foi soprando e o destino foi-se destinando.
Um abraço quente, daqueles que toca na alma da gente, envolveu-me até o fim do meu sofrimento, e então percebi que a chama acendera…brilhava já ardentemente.
Foi o teu corpo dançando no meu carinhosamente que o tornou leve e transparente, e que hoje derrama mel mostrando o que sente; cada vez que te procura quer estejas presente, quer estejas ausente…Mas ESTÁS sempre.
Eu sei que foste tu que plantaste aquela rosa no meu peito e agora…Espalho perfume, tornando agradável o ambiente que é nosso, que é quente…
Eu sei também que és tu que semeias na escuridão dos meus dias, o sol que brilha sempre que eu tento chorar…E acabo por vezes chorando mesmo, emocionada pelo quanto és doce e consegues me encantar.
Sei ainda que…Nada disto existiria sem que fosses; o único capaz de plantar uma rosa no meu peito e ter a sabedoria e habilidade de…Cuidar dela sem que um espinho sequer seja quebrado, porque tudo é amado.
Espinho? Perguntarão vocês que me lêem (porque tu meu amor, sei que concordarás comigo).
Espinho sim. As rosas mais belas e perfumadas são completas, por isso têem espinhos. A sua beleza e valor aumentam.
É assim a rosa que tu criaste como ninguém; uma rosa vermelha, cheirosa, com espinhos, mas com a simbologia que mais nenhuma tem.
É preciso ter espinhos. A vida também os tem.
Os espinhos não são obstáculos, são etapas. Não são dificuldades, são victórias.
O que seria da vida se fossem só alegrias? Muito bom, certamente, mas… Perderiam o encanto, pois é sempre bom perde-la ainda que por um minuto, para darmos o valor da sua existência. Por isso, a rosa que falei, tem espinhos dos quais nunca me separarei. São meus; definem a pessoa em que me transformei…Pelas mãos do homem mais doce que a minha vida tem.
Eu era…
Um jardim abandonado, quando tu me encontras-te e plantaste esta flor com as mãos de seda que hoje me tocam com o corpo de mel que hoje é amor.
Cuidas-te de mim; fizeste-me ganhar cor e melhor que tudo…Continuas cuidando para que a luz não se enfraqueça, nem a cor se desvaneça.
Tudo isto da melhor forma que tu sabes e vais sempre aperfeiçoando; da única que sinceramente, me comove e me preenche…Me amando.

*(É por isto e muito mais que tu (Luis) és aquela pessoa especial...capaz de cuidar da única rosa do meu jardim...aquela rosa que me perfuma e me embeleza; que me aquece e me alegra, e por ti se mantêm viçosa...Nas tuas mãos, com o teu carinho...não há espaço para que viva receosa...De te perder, ou de murchar acabando por morrer. Amo-te)*


Cathy

Meu Amor

Mesmo que quisesse não saberia encontrar outra forma de dizer eu amo-te, que não seja a única que conheço. Aquela que permite que te ame.
O mundo mais vasto que existe, não é aquele que se consegue observar, mas sim aquele que nos permite sentir; tudo o que o observável nos mostra, tudo o que perdido em frente a nós, ganha sentido…passa a ser “conhecido”.
Eu conheço a entrada para o mundo das palavras, que é aquele mundo que já te falei. O que permite sentir; mas muito, muito há que falta saber; mas aquilo que sei, e que para alguns seria muito para os preencher, para definir o que sinto por ti, não basta. Tenho a vida inteira e faltar-me-á tempo para te explicar…Tudo aquilo que falta…
Já te amei, amo e…
Esta palavra está logo à entrada do mundo das palavras meu amor e sabes porquê?
Porque esse mundo é como a vida. Só depois de percorrida pode ser definida. (Por isso grandes poetas e escritores só tiveram o seu nome e vida postos a “nu” após a sua morte).
O que te quero explicar, e sei que já o percebeste meu amor, é que essa palavra que uso para te chamar (amor) está no início da estrada.
Agora uso-a para “definir” o que sinto por ti, mas nada está definitivamente definido. Tal como a vida, existe também no mundo das palavras, o dia de amanha e é nesse dia que vou encontrar mais uma palavra, um gesto, um cheiro, um som… Que me permita completar um pouco mais, o sentido do que tu és…Amor.
Tem momentos em que mais vale ser simples e das vastas ruas do mundo mais vasto que conheço, poderia escolher uma cheia de frases e palavras diferentes, que dessem um ar mais “estético” ao meu texto; uma beleza mais “carnal”…Mas…
A verdade é como o teu olhar…límpido, brilhante, belo e singular.
Para quê percorrer mil ruas, saltar de palavra em palavra se a única coisa que quero aqui deixar é…Que te amo…Que amanhã quando o sol nascer, ou a chuva cair, ainda te vou amar? Seja esse amanhã, o próximo, ou qualquer outro que a vida vai encontrar.
Nada é eterno, porque tudo tem um fim, mas enquanto dura pode ser infinito e é infinito, por isso, todo o meu amor por ti.
Já to tinha dito, num momento qualquer, (e sei muito bem qual foi e o “qualquer” aqui, define…um momento entre muitos que eu tenho bem assentes na minha memória com espaço, tempo…Tudo isso), que:

“Que não seja eterno, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”.
“O amor vale pelo momento. Não se mede pelo número de batidas do relógio…”.


Cathy

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

(Re)Pensamentos

Acordei e à semelhança de muitos outros dias, abri esta página e li...quantas sombras me encontraram e dedicaram um momento do seu tempo, a me ler, pensando com os olhos, vendo com o pensamento.
Acordei e fiquei...sem palavras, pensativa… Lembrei-me então duma frase muito conhecida, do livro
O Principezinho de Antoine De Saint-Exupéry
: "só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...".
Um comentário fez-me pensar:
"eu amo a vida...amo alguém...amo a escrita...e amo a sombra que atrás de mim vem...

nunca percas de vista a tua sombra...just keep going

P.S.: por vezes pensando na minha sombra...rasgos os silêncios que trago dentro de mim"

Então percebi que...Tem dias ensolarados como o de hoje, onde o sol brilha ainda que o frio persista, mas onde, não encontro a minha sombra.
Percebi nas palavras de alguém, que a minha sombra por vezes...fica atrás de mim, mas eu...não a vejo, nem sei que ela lá está. Sigo como se eu própria fosse a sombra, e isso dá-me agora, neste instante em que sentada medito, que talvez alguns momentos da minha vida tenham sido projectados pela sombra que eu achei ser eu mesma. Em vez de viver como imagem real, idealizei de mim mesma, uma imagem escondida...Vivi partes da minha vida, como as sombras que vejo vaguearem e que tantas vezes comentei se enganarem a si mesmas...Na sombra de mim mesma.
É triste nos darmos conta dos erros que comentemos, mas... Neste recanto de imagens passadas, erradas... Apercebi-me de outras coisas que me fazem sair como uma borboleta que acabou de se transformar...Eu sou Verdade. Humana.
Por mais que tenha errado; por mais que tenha existido na sombra de mim mesma, o facto de errar, provou-me a veracidade da minha existência...minha de mais ninguém. Nem da sombra que por instantes achei ter vida própria e viver de mim aquilo que nem eu sei.
Sou a verdade que existe em mim, mais a sombra que me segue sem fim...
No limiar da morte que um dia virá, (por mais que me custe, sei-o até as minhas entranhas que pode chegar no minuto vindor, sem pudor, sem amor...), eu sei que a minha sombra ainda existirá...E quero continuar assim, até lá, sendo sombra e verdade, verdade e sombra, cada vez mais e sem pensar. Ser pessoa é ser palavra, sombra... e quanto mais viver, com a sombra aprender a dançar, a dança da vida que nos abraça, faz amor connosco e por fim morre em nós...porque a vida que é uma ameaça.


Cathy
*(Agradeço a pessoa que escreveu o tal comentário...fez-me pensar, fez-me refazer certas ideias...)*

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Antes Pensava. Hoje Vou Pensando.

Pensava que os dias podiam ser mais que... momentos aglomerados, uns após os outros e que no fim... se chama vida.
Pensava do tempo, o que ele jamais pensou de sei mesmo... o infinito que nunca pára... e que no fim se diz igual à eternidade.
Pensava...Pensava.
Hoje não digo mais: "Eu pensava"; aprendi a dizer: "Eu estou pensando".
Nestas coisas da escrita, muitas vezes o tempo verbal pouca importancia tem, mas... reparem no sentido e no valor da frase, "eu pensava" e comparem com a que hoje repito:
"Estou pensando que o dia podia ser mais que... um conjunto de momentos algomerados, uns após os outros e que no fim... se chama vida."
Claro que agora a continuidade é evidente; resta saber como atingí-la... como descobrir o caminho para lá chegar.
Estou pensando...
É o primeiro passo...para começar.

Cathy

Meu (Re)Canto

Vagueando por becos bem definidos, abri portas e li mil e um livros, feitos de palavras soltas, temas inconstantes, e capítulos infindáveis...
Deixei-me levar, pelo sabor das ondas do vento, que existe sempre, quando queremos resistir ao tempo e voltar atras com medo de não saber chegar, onde nem sabemos que vamos; onde nem sabemos o que encontrar.
E eu fui lendo... palavras formadas com letras impensadas, letras sozinhas, letras abandonadas.
Porta a porta, haviam cada vez mais, dizendo do mundo o que o mundo lhes faz; dizendo da vida o que cada uma é capaz...
fiquei encantada com algumas, entristecida com outras, mas o que é a vida senão um mar de sombras escurecidas e iluminadas, consoante a alegria e a tristeza dos momentos que vivemos?
O meu encantamento e a minha tristeza surgiram das mesmas palavras, encontradas atras da mesma porta, paradas na mesma folha, copiadas no mesmo papel... Lidas apenas e unicamente naquele momento em que fui triste por reconhece-las como minhas; alegre por perceber que não fui eu que as escrevi...
Tantas vezes é assim...
Sem procurar, acabamos encontrando pensamentos na sombra, de alguém ,que inocentemente, pensou como nós também.
Eu sou uma sombra formada pela vela que todos os dias é acessa, perfumando o ar com um cheiro a mar... Sou ainda formada por palavras cheias de letras inventadas para dizer que... Até as sombras podem ser amadas.
Cathy

Poema das Sombras

Acendi uma vela no meu quarto
apenas para sair da sombra;
Sombra escura da escuridão
ficar apenas na sombra média
da noite que me deu a mão.
Deitei meu corpo na cama e...
quis fechar os olhos e procurar-te
na memória do meu coração.


Quis mas fiquei imovel, incapaz.
Estavas desenhado a minha frente
ardente como a chama da vela
brilhante e quente como ela.

Mas a vela é apenas cera
cera que derrete manchando o chão
enquanto tu és muito mais
mais que a sombra desenhada no clarão
que se forma da luz trémula
da vela que vai ter que findar
antes que meu corpo seja sombra
e no teu se vá encaixar.


Acendi uma vela e fiz um poema no ar
com sombras desenhadas pelo meu olhar.



Cathy

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Fiz Amor Com...A Tua Sombra

Eu não sei explicar como começa, nem como me toma assim este desejo enfurecido de te agarrar...despir-te na sombra deste dia frio, mas tão quente no teu corpo de mel, colorido por um raio de sol, despido pelo olhar do meu coração, apaixonado, louco por dar-te a mão.
Naquele momento, só consegui aproximar-me e pegar na tua mão, olhar no fundo dos teus olhos, escuros pela sombra do quarto, brilhantes pelo fogo da alma, quente e ardente daquele que me ama...Mordi teu lábio e devagar subi até a tua orelha e sussurrei: "Eu Adoro-te"...humm...deixei que as tuas mãos me percorressem as costas, e segurei-te com prazer; as unhas que me arranharam deliciosamente, aqueceram o ambiente já ardente de desejo...delirante de prazer.
Meu corpo descaiu sobre o teu...e deixou-se tocar assim, leve, sedento de amor, explodindo de...ardor; ai, como é maravilhoso o toque da sombra que me aquece...o prazer que ela faz nascer, o desejo que ela me faz não poder conter.
Deslizei as minhas mãos e toquei-te...Sombra colorida...minha vida!
Encontrei os meus dedos entranhados na tua pele...a minha boca correndo, saboreando o teu vulto...magnifico. Devorando o teu beijo envolvente.
Não posso manter-me assim...o desejo arde na pele, o calor percorre-me as veias sem parar, quero amar-te, à luz da lua, em frente ao mar...Ai como te amo...como é voraz este prazer que me dás...
Como é intensa e explosiva, esta paixão...Que me faz querer jogar-te no chão...fazer do meu corpo, o sabonete que percorre o teu, fazer a tua alma entranhar-se no meu.
Então dispo a roupa colada de suor; arranco as vestes que te cobrem, as poucas partes desse corpo que eu quero; essas vestes agora jogadas ao largo desse quarto que conspira connosco, como se fosse cúmplice de tanto amor derramado pelo chão e que enche os recantos do lugar, do tempo…que infelizmente vai acabar!
Amo agora o teu corpo nu, caído, livre de resistência…Possuo-te na sombra das quatro paredes que nos abraçam…És meu, até à vertigem dos segundos que imparáveis correm no relógio pendurado na parede que nos dá apoio…que nos acolhe…que nos protege…
És meu, és meu…Ai, que sensação maliciosa me percorre o olhar, capaz de te tocar, despir-te e fazer amor contigo, na sombra de um beijo perdido, nas mãos do teu…escorrido por mim…devaneando até ao fim.
E foi assim; Perdida por ti, ardente de desejo, no olhar, na pele, por dentro e por fora…Dei-me e fiz com que te desses…Amor sombreado, colorido, excitado; pela sede que temos, pela chama que nos consome, sem findar…consome sem se consumir; brilha e aquece sem queimar, escorre como lava num vulcão em actividade permanente, vivendo…Ardentemente no nosso coração.


Cathy

*(Foi um pensamento na sombra de um desejo incapaz de se manter quieto no silencio aconchegante, do tempo posterior ao do...encontro magestoso da minha sombra com a tua...meu Amor)*

O Que Farias Em Onze Minutos?

"(...) Quando nos encontramos com alguém e nos apaixonamos, temos a impressão de que todo o universo está de acordo; hoje eu vi isso acontecer no pôr-do-sol. No entanto, se algo corre mal, não sobra nada! Nem as garças, nem a música ao longe, nem o sabor dos lábios dele. Como é que pode desaparecer tão rapidamente a beleza que ali estava há poucos minutos?A vida é muito veloz; faz-nos ir do céu ao inferno numa questão de segundos.(...)"

"(...) Embora o meu objectivo seja compreender o amor e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei o meu coração, vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar o meu corpo, e aqueles que tocaram o meu corpo não conseguiram alcançar a minha alma.(...)"

"(...) E o ser humano pode tolerar uma semana de sede, duas semanas de fome, muitos anos sem tecto – mas não pode tolerar a solidão.(...)"

"(...) Embora não nos tivéssemos despido e eu não tenha entrado dentro de ti, nem sequer te tenha tocado, nós fizemos amor.(...)"


in: Onze Minutos
Paulo Coelho


Em onze minutos…
Faria o esboço do meu sorriso só para ti…
Para ti que lês as minhas palavras
como quem descobre um segredo!
Abriria a porta do meu pensamento;
Dava-te a mão e guiava-te para que não tivesses medo;
Ate descobrires o lugar mais seguro;
O mais sensato...Calmo...
Onde pudesses ler e repousar;
Nos onze minutos que todos temos de aproveitar!

Cathy

*(Este texto fez parte dum antigo blog que eu tinha...mas gostei tanto dele que fiquei tentada a partilha-lo novamente ao invés de deixa-lo caído na sombra duma página qualquer; distante de olhares que o admirem, e que o leiam e acolham com carinho, nas sombras que todos os peitos têm, mas que...São certamente capazes de amar palavras...Quem não consegue amar uma palavra; dificilmente saberá amar uma pessoa.)*

domingo, fevereiro 06, 2005

Esta "sombra" Não é Minha...É Nossa!

«Se eu morrer agora, não terei do que me queixar. A vida foi muito generosa comigo. Plantei muitas árvores (…). Claro, sentirei muita tristeza, porque a vida é bela, a despeito de todas as suas lutas e desencantos. Quero viver mais, quero terminar a minha sonata. Mas se por acaso ela ficar inacabada, outros poderão arrumar o seu fim. Assim como aconteceu com a Arte da Fuga, de Bach (1685 – 1750). (…) Bach morreu, mas a obra já estava claramente estruturada. Foi possível a um outro termina-la. Se o mesmo acontecer comigo não terei do que me queixar. Mas fica a pergunta: e aqueles que não tiveram tempo para escrever o seu nome?
Já me fiz essa pergunta várias vezes, pensando nos meus filhos. Eu também queria que eles levassem as suas sonatas até ao fim, mesmo que eu não tivesse aqui para ouvi-las. Mas não se pode ter certezas. A possibilidade terrível sempre pode acontecer. E se ela acontece, vem o sentimento terrível de que tudo foi inútil.
Aí, de repente, eu experimentei satori: abriram-se meus olhos, e vi como nunca havia visto. Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passámos. “Aquilo que a memória amou fica eterno”. (…) o olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as arvores de Outono, o banho de cachoeira, mãos que se seguram(…): houve momentos na minha vida de tanta beleza que eu disse para mim mesmo: “valeu a pena ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento”. Há momentos efémeros que justificam toda uma vida.
Compreendi, de repente, que a dor da sonata interrompida se deve ao facto de que vivemos sob o feitiço do tempo. Achamos que a vida é uma sonata que começa com o nascimento e deve terminar com a velhice. Mas isso esta tudo errado. Vivemos no tempo, é bem verdade. Mas é a eternidade que dá sentido à vida.
Eternidade não é o tempo sem fim. Tempo sem fim é insuportável. Já imaginaram uma música sem fim, um beijo sem fim, um livro sem fim? Tudo o que é belo tem de terminar. Tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre de mãos dadas.
Eternidade é o tempo completo, esse tempo do qual a gente diz: “valeu a pena”. Não é preciso evolução, não é preciso transformação: o tempo é completo e a felicidade é total. É claro que isso, como diz Guimarães Rosa, só acontece em raros momentos de distracção. Não importa. Se aconteceu fica eterno. Por oposição ao “nunca mais” do tempo cronológico, esse momento está destinado ao “para todo o sempre”.
Compreendi, então, que a vida é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até ao fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efémero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amo justifica a vida inteira.»


in: As Cores Do Crepúsculo A estética do envelhecer
Rubem Alves



Há sombras...coloridas, escuras, cinzentas, transparentes como estas que o livro mostra! Nada são mais que sombras transparentes, que vivem lado a lado connosco, mas...Só alguns conseguem ter aquele olho que vê além das cores que vemos, além das caras que conhecemos...
Quando li este livro senti...uma angústia dentro de mim...fez-me chorar, fez-me ter medo do amanhã, como em vários outros momentos tive, mas...Reparei que estava lendo um livro, de alguém bem mais velho que eu, e que sabe muito melhor que eu essas angústias e...senti-me leve, senti-me reconfortada, por imaginar que algures no Mundo da Sombras, existe quem pense em coisas que todos temos na cabeça, mas de diversas formas...Uns dizem com umas palavras, outros usam outras...Mas sempre chegamos a esta sombra que nos assombra...A Morte...Esta sombra que não é minha...É nossa!

Cathy

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

As cores da sombra

No primeiro encontro que tivemos, derramei sobre esta página o cheiro que vinha dos pensamentos que brotaram naquele momento sem igual; o momento primeiro, dum encontro inesquecível!
Depois de vários dias, de silencio, na sombra dos pensamentos e momentos, dos quais todos fomos protagonistas, eu voltei…
Voltei para dar vida a um momento que…“ficou preso na sombra de outro; mas que eu quero ajudar a libertar, usando novas palavras, sombreadas ou cheias de claridade; mas que o libertem desse passado que o prendeu, mas hoje não é mais verdade, nem saudade, nem sou eu!”…
Perdoem o meu feitio divagante…Tenho tendência a perder-me nas palavras que se querem tornar vivas; palavras que são minhas também, mas continuam guardadas na esperança de serem sombras minhas, luzes de alguém…
Referi uma frase minha, dum poema por inventar; frase do meu coração, dum sentimento que o faz alegrar…o Amor que o meu amor transformou em paixão e desejo de acordar…Da sombra que me embala, nas noites frias que surgem sem pestanejar; das noites imensas, escuras, que nascem para…Eu continuar a te Amar!
Inevitavelmente hoje, estou perdida nas palavras que me levam à sombra mais marcante da minha vida…a única que hoje existe, tornando claro o mais escuro dos dias; aquela que tira o sentido, a todas a névoas escondidas e que as vezes fazem doer o próprio pensamento, mas que…
Quando existem, por detrás do meu olhar, tem sempre um brilho misterioso, de quem sabe que existe algures nessa escuridão, outro olhar perdido na mesma sombra, que gentilmente me dá a mão e…me abraça e me ama, e faz seu o meu coração!
As cores da sombra que me ilumina, são as cores do seu olhar sempre meigo, sempre doce e contínuo, que me abraça e me envolve, numa névoa aconchegante, cheia de cheiros e sabores, que me fazem pintar um quadro colorido, apenas com duas cores…preto e branco…
São as cores dessa sombra, duas cores simples e frias, que fazem transformar o dia…a cor da paz e alegria, e a cor da tristeza e solidão…mas que juntas são eternas e jamais se desfazem na profunda escuridão…
Estranhas palavras, dirão vocês, mas… Ainda que estranhas, vivem da sombra de um momento, da sombra do seu pensamento, do qual em mim produz reflexos brilhantes daquilo que aqui pude dizer…E tudo o que ela vos diz é…
QUE EU SOU FELIZ!
Caty