quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Por Isso Pesava Tanto...Viver


Um corpo deixou-se cair na praia... onde a luz que havia brilhado durante o dia, ficava agora longe; no horizonte que já partia... numa sombra que nascia, por trás dos olhos do corpo que a acolhia.
Então acendeu-se a lua naquele céu... enorme... imenso... guande demais para aquele corpo; pequeno demais para aquele momento. Mas tudo era único, tudo era... (não sei o que dizer agora...).
Sinceramente... deixei o corpo na praia e vim esconder-me aqui. Nesta folha que não acaba; nestas letras que não me deixam calada; nesta noite que não me adormece, numa música que não se esquece...
Quero... Por favor... eu quero ficar na sombra do luar. Na luz prateada do meu pensamento, que derrama reflexo sobre o mar... estendido à minha volta como se eu fosse ilha e estivesse a chorar; derramando lava salgada para eu própria não afundar, nas águas que me cercam... nas águas que constantemente me estão a abraçar.
Foi aqui que voltei atrás... Fui à praia e trouxe comigo, o corpo que tinha ficado perdido. Olhei-o, e observei as suas feridas e percebi... Não era o corpo que trazia...mas a alma que nele existia.
Por isso pesava tanto... Por isso não tinha sombra e atrás de mim, só havia o reflexo de mim mesma procurando companhia, naquele "corpo" que trazia e que agora sei... Era uma alma "vazia".
Por isso pesava tato, aquela alma que nada tinha; aquele vulto sem sombra... com um corpo que se perdeu, numa praia que, para sempre, escureceu.
E eu pensava que, estando "cheia", uma alma pesaria muito mais, que uma vazia que nada trás.
Pensava ainda que era eu, o peso mais difícil depegar, visto ser corpo e alma, com tanta coisa, por onde se debruçar e afinal... Percebi que pesadas são as almas vazias, que nada tem e são sozinhas. E nem sombra podem ter, porque nada guardaram, nada as fez viver... Bem, mal...que seja...mas viver; duma vida que não importa, onde quer que vá dar aquela porta... Mas que exista porque é na sua existência, que se acha todas as formas de encher a alma, que precisa ser leve, para voar e ser feliz... Para crescer e ser transportanda, além daquele horizonte que parte, naquele praia, que apenas verá um novo sol nascente... Se houver vida, na alma que a cada corpo é inerente.


(li e reli várias vezes as minhas próprias palavras, antes de aqui as deixar, e... Senti-me "nua"... Por isso acrescento... "Quero... Por favor... ficar na sombra da lua".)


P.S: Nós... Somos a "alma" que escrevo com a minha voz... Que canto com a minha caneta e que preencho com os vossos olhos.
Cathy

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