segunda-feira, fevereiro 07, 2005

O Que Farias Em Onze Minutos?

"(...) Quando nos encontramos com alguém e nos apaixonamos, temos a impressão de que todo o universo está de acordo; hoje eu vi isso acontecer no pôr-do-sol. No entanto, se algo corre mal, não sobra nada! Nem as garças, nem a música ao longe, nem o sabor dos lábios dele. Como é que pode desaparecer tão rapidamente a beleza que ali estava há poucos minutos?A vida é muito veloz; faz-nos ir do céu ao inferno numa questão de segundos.(...)"

"(...) Embora o meu objectivo seja compreender o amor e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei o meu coração, vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar o meu corpo, e aqueles que tocaram o meu corpo não conseguiram alcançar a minha alma.(...)"

"(...) E o ser humano pode tolerar uma semana de sede, duas semanas de fome, muitos anos sem tecto – mas não pode tolerar a solidão.(...)"

"(...) Embora não nos tivéssemos despido e eu não tenha entrado dentro de ti, nem sequer te tenha tocado, nós fizemos amor.(...)"


in: Onze Minutos
Paulo Coelho


Em onze minutos…
Faria o esboço do meu sorriso só para ti…
Para ti que lês as minhas palavras
como quem descobre um segredo!
Abriria a porta do meu pensamento;
Dava-te a mão e guiava-te para que não tivesses medo;
Ate descobrires o lugar mais seguro;
O mais sensato...Calmo...
Onde pudesses ler e repousar;
Nos onze minutos que todos temos de aproveitar!

Cathy

*(Este texto fez parte dum antigo blog que eu tinha...mas gostei tanto dele que fiquei tentada a partilha-lo novamente ao invés de deixa-lo caído na sombra duma página qualquer; distante de olhares que o admirem, e que o leiam e acolham com carinho, nas sombras que todos os peitos têm, mas que...São certamente capazes de amar palavras...Quem não consegue amar uma palavra; dificilmente saberá amar uma pessoa.)*

domingo, fevereiro 06, 2005

Esta "sombra" Não é Minha...É Nossa!

«Se eu morrer agora, não terei do que me queixar. A vida foi muito generosa comigo. Plantei muitas árvores (…). Claro, sentirei muita tristeza, porque a vida é bela, a despeito de todas as suas lutas e desencantos. Quero viver mais, quero terminar a minha sonata. Mas se por acaso ela ficar inacabada, outros poderão arrumar o seu fim. Assim como aconteceu com a Arte da Fuga, de Bach (1685 – 1750). (…) Bach morreu, mas a obra já estava claramente estruturada. Foi possível a um outro termina-la. Se o mesmo acontecer comigo não terei do que me queixar. Mas fica a pergunta: e aqueles que não tiveram tempo para escrever o seu nome?
Já me fiz essa pergunta várias vezes, pensando nos meus filhos. Eu também queria que eles levassem as suas sonatas até ao fim, mesmo que eu não tivesse aqui para ouvi-las. Mas não se pode ter certezas. A possibilidade terrível sempre pode acontecer. E se ela acontece, vem o sentimento terrível de que tudo foi inútil.
Aí, de repente, eu experimentei satori: abriram-se meus olhos, e vi como nunca havia visto. Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passámos. “Aquilo que a memória amou fica eterno”. (…) o olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as arvores de Outono, o banho de cachoeira, mãos que se seguram(…): houve momentos na minha vida de tanta beleza que eu disse para mim mesmo: “valeu a pena ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento”. Há momentos efémeros que justificam toda uma vida.
Compreendi, de repente, que a dor da sonata interrompida se deve ao facto de que vivemos sob o feitiço do tempo. Achamos que a vida é uma sonata que começa com o nascimento e deve terminar com a velhice. Mas isso esta tudo errado. Vivemos no tempo, é bem verdade. Mas é a eternidade que dá sentido à vida.
Eternidade não é o tempo sem fim. Tempo sem fim é insuportável. Já imaginaram uma música sem fim, um beijo sem fim, um livro sem fim? Tudo o que é belo tem de terminar. Tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre de mãos dadas.
Eternidade é o tempo completo, esse tempo do qual a gente diz: “valeu a pena”. Não é preciso evolução, não é preciso transformação: o tempo é completo e a felicidade é total. É claro que isso, como diz Guimarães Rosa, só acontece em raros momentos de distracção. Não importa. Se aconteceu fica eterno. Por oposição ao “nunca mais” do tempo cronológico, esse momento está destinado ao “para todo o sempre”.
Compreendi, então, que a vida é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até ao fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efémero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amo justifica a vida inteira.»


in: As Cores Do Crepúsculo A estética do envelhecer
Rubem Alves



Há sombras...coloridas, escuras, cinzentas, transparentes como estas que o livro mostra! Nada são mais que sombras transparentes, que vivem lado a lado connosco, mas...Só alguns conseguem ter aquele olho que vê além das cores que vemos, além das caras que conhecemos...
Quando li este livro senti...uma angústia dentro de mim...fez-me chorar, fez-me ter medo do amanhã, como em vários outros momentos tive, mas...Reparei que estava lendo um livro, de alguém bem mais velho que eu, e que sabe muito melhor que eu essas angústias e...senti-me leve, senti-me reconfortada, por imaginar que algures no Mundo da Sombras, existe quem pense em coisas que todos temos na cabeça, mas de diversas formas...Uns dizem com umas palavras, outros usam outras...Mas sempre chegamos a esta sombra que nos assombra...A Morte...Esta sombra que não é minha...É nossa!

Cathy

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

As cores da sombra

No primeiro encontro que tivemos, derramei sobre esta página o cheiro que vinha dos pensamentos que brotaram naquele momento sem igual; o momento primeiro, dum encontro inesquecível!
Depois de vários dias, de silencio, na sombra dos pensamentos e momentos, dos quais todos fomos protagonistas, eu voltei…
Voltei para dar vida a um momento que…“ficou preso na sombra de outro; mas que eu quero ajudar a libertar, usando novas palavras, sombreadas ou cheias de claridade; mas que o libertem desse passado que o prendeu, mas hoje não é mais verdade, nem saudade, nem sou eu!”…
Perdoem o meu feitio divagante…Tenho tendência a perder-me nas palavras que se querem tornar vivas; palavras que são minhas também, mas continuam guardadas na esperança de serem sombras minhas, luzes de alguém…
Referi uma frase minha, dum poema por inventar; frase do meu coração, dum sentimento que o faz alegrar…o Amor que o meu amor transformou em paixão e desejo de acordar…Da sombra que me embala, nas noites frias que surgem sem pestanejar; das noites imensas, escuras, que nascem para…Eu continuar a te Amar!
Inevitavelmente hoje, estou perdida nas palavras que me levam à sombra mais marcante da minha vida…a única que hoje existe, tornando claro o mais escuro dos dias; aquela que tira o sentido, a todas a névoas escondidas e que as vezes fazem doer o próprio pensamento, mas que…
Quando existem, por detrás do meu olhar, tem sempre um brilho misterioso, de quem sabe que existe algures nessa escuridão, outro olhar perdido na mesma sombra, que gentilmente me dá a mão e…me abraça e me ama, e faz seu o meu coração!
As cores da sombra que me ilumina, são as cores do seu olhar sempre meigo, sempre doce e contínuo, que me abraça e me envolve, numa névoa aconchegante, cheia de cheiros e sabores, que me fazem pintar um quadro colorido, apenas com duas cores…preto e branco…
São as cores dessa sombra, duas cores simples e frias, que fazem transformar o dia…a cor da paz e alegria, e a cor da tristeza e solidão…mas que juntas são eternas e jamais se desfazem na profunda escuridão…
Estranhas palavras, dirão vocês, mas… Ainda que estranhas, vivem da sombra de um momento, da sombra do seu pensamento, do qual em mim produz reflexos brilhantes daquilo que aqui pude dizer…E tudo o que ela vos diz é…
QUE EU SOU FELIZ!
Caty