domingo, fevereiro 27, 2005

As Vezes..

As vezes...
Apetece sair da vida e correr... correr sem fugir de nada, mas na esperança de não ser encontrada, seguir escondida... da vida.
As vezes... Meu Deus, não quero que me castigues, mas... apetece-me ser levada, pelo vento, como se fosse segurada pelos cabelos e jogada contra o tempo... sem hipótese de chorar, porque a dor não se manifesta, não há espaço para se magoar...
Apetece dar de caras com a morte, que assombra a minha mente, no sossego das noites sozinhas, suplicantes de palavras minhas, implorando que se soltem e sejam avezinhas... voando... sonhando... E apertar-lhe a mão; dar-lhe um abraço, dizer meio a medo: - morte, vieste cedo!.
Apetece tantas vezes... e muitas vezes sim... não passar do primeiro pensamento... Esquecer de tudo, seguir o instinto do momento mas... As vezes apetece pensar assim, contudo o que seria de mim e do mundo, se no primeiro instante em que pensasse te ter, ter-te sem pestanejar... Sem pensar em mais nada e sem tempo nem lugar, possuir-te ainda assim, dessa forma... inesperada?
E se quando quisesse morrer, morresse sem depois querer; presa dessa forma, ao medo de mim mesma, podendo agir, sem tempo da alma chegar ao coração e dizer: - Sim, tens de o fazer!
As vezes...
Apetece... como agora... não dizer mais nada e deitar-me completamente à deriva, sem saber se és tu que vou encontrar no sonhos vazios de luz, nesta noite que me seduz... por ser minha e ter... O silêncio contido desse teu olhar despido.

Cathy

Passos...

Primeiro foi um passo...
Que trazia medo, incerteza,
Que marcava timidamente
Pegadas de alegria e tristeza.
Foi um passo importante
Que trouxe mais que um beijo
Perdido em frente ao mar
Acolhido por duas almas
Refazendo sonhos no ar...

Encaixando o que deles havia;
Pedaços inteiros de fantasia
Outros incompletos com maresia...
Mas que juntos; um apenas seria.

Depois foi um passo...
Que trazia alegria, ansiedade
Que marcava definidamente
Pegadas concretas de felicidade.
Foi um grande passo...
Que trouxe mais que um desejo
Perdido por entre os lençois
Duma cama que conspirava
Na reconstrução de nós dois...

Reconstrução de sonhos desfeitos
De pedaços que cada um escolheu
Para que lado a lado
Nascesse o único sonho, meu e teu...

Agora é um passo...
Que traz esperança no olhar
Que marca definitivamente
Pegadas impossiveis de apagar
No coração da gente...
É um momento de amor
Que traz mais que a satisfação
Que sorrindo me dá a mão
duma forma meiga...doce
Enchendo de vida o meu coração.

Amanhã? Que importa?
Tenho comigo o passo passado,
O seguinte que foi guardado
Tenho o de hoje, já aqui marcado
Amanhã?... Será passado...


Cathy

sábado, fevereiro 26, 2005

Encontro...(Com a Lua?)

E eu deixei-me ficar ali...parada.

Achei que o tempo não vivia, porque no relógio o ponteiro não andava e apenas a noite crescia no meu olhar já escuro de natureza, vazio agora pela tristeza.
As folhas no chão não se moviam, porque não havia vento - não havia nada naquele momento - apenas o ar parado como se o mundo estivesse desorientado, na busca do seu lugar.
Passos...
O meu peito bateu de repente... O olhar moveu-se de dentro e cá fora espalhou-se pela rua e... eis que nasce o desalento - era apenas a lua .


- Que desilusão! - Disse, em forma de descontentamento.
Então a lua sentou-se, no meio das estrelas, deixou-se olhar para mim e disse:
- Desilusão? Porque choras tu, debaixo do céu estrelado? Porque caminhas esse olhar sozinho, neste frio do caminho?
Quis responder, mas eu não encontrei palavras, entao...
- Que horas são? O meu relógio está parado.
A lua deu uma gargalhada e disse:
- Mais valia que o tivesses perdido, que estares aí a ele agarrada, como se fosse preciso relógio para marcar as horas do momento em que chegará o que procuras.
- Mas... - Quis interromper e não consegui.
- Devias apenas pegar no teu corpo e caminhar até à luz. A única que te ilumina, aquela que te seduz. Largar esse relógio que o tempo reduz e marcar com sorrisos os espaços que ele traduz. Olhar de fora aquilo que escondes aí dentro e não perder um minuto desse teu sentimento.
Que encontro inesperado. A lua, eu e... tudo o que até hoje tenho procurado.
Uma sombra qualquer, que não passe de sombra porque apenas quero sentir; que não passe de cheiro, pois só o seu aroma, e que seja apenas aquela sombra sem tempo, que se deite em mim e se demore no meu sentimento.
- Lua. Eu só tenho o relógio para disfarçar... fingir que existe tempo para marcar. Mas sei que o tempo, para aquilo que procuro, não se mede com relógio... este apenas da-me segurança.
- Segurança? - Perguntou a lua.
- Sim... para não esquecer que tenho que levantar o meu corpo e caminhar, esquecer que mais um dia passou e olhei, e o meu olhar não encontrou, o que todos os dias vê, mas nunca minha "mão" tocou. É preciso marcar o limite da minha espera, senão a vida passa e eu serei Era... a planta que cobre o chão, mas que infelizmente apenas cobrirá solidão.
Passos...
- Perdi o relógio.
E a lua disse:
- Não faz mal. Guia-te pelo coração.
Cathy