segunda-feira, março 28, 2005

Vale a Pena Perguntar?

Quantas vezes, esperaste pela noite, na esperança de ver alguma estrela? E na hora em que tudo entardeceu, escurecendo até os candeeiros da rua, olhaste com desalento para o céu…pois estava turvo, e o mar de estrelas não apareceu?
Quantas vezes procuraste, nos lábios de alguém, aquele sorriso perdido que às vezes ele tem, e que precisavas tanto ver nascer e nesse momento, os teus olhos foram fontes, correndo neles a água do mar, porque nenhum sorriso viu brilhar…? Nem uma palavra chegou ao teu ouvido, quando tudo era dia, noite…vazio acrescido, pela ausência dum gesto…simples e complexo…dado e nunca pedido!
Imagino, que tal como eu, a tua alegria é reduzida, quando…tantas vezes dormes na esperança de sonhar, seja lá com o que for…porque é Sonho, seja como for e ao invés disso, acordas no meio do pesadelo, que é ser triste e sabê-lo…
Quantas vezes, diz lá, ficaste sem dizer nada, porque te viste no lugar de sombra, que é sempre ignorada…que existe, porque a luz está presente e alguma coisa se mantém à nossa frente…? E quantas mais ireis ficar?... Na sombra do teu lugar?
Assim a vida só morre…Todos os dias, escorre, carregando na direcção de nada, o que acumulou na “sombra imaculada”, duma alma…abandonada…
Quantas vezes, tu…Pessoa sem nome, cara sem sobrenome; corpo sem alma, alma sem calma…Quantas vezes achaste que tudo ia mudar e depois…na ansiedade de lá chegar, apenas caminhaste desiludida para o “fim” inexistente dessa “vida”?
Conta-nos ao ouvido, quantas vezes choraste sem dizer nada e seguiste mais um atalho da tua estrada, procurando o primeiro abrigo... porque temias o perigo? E nessas vezes, quantas dessas lágrimas foram por palavras que nunca chegaram? E mãos que nunca te tocaram» E gestos que jamais te encontraram?...
Hoje… Na surpresa de não ter conseguido mudar nada… na desilusão angustiada que me abraçou… apaguei a luz daquela estrada… Prefiro ir à deriva, que viver escrava da tristeza que me criva na sombra de mim mesma, pedaços de noite sem luar; bocados de praias sem mar… retalhos de vida no ar… daqueles que usam o mundo e nunca terão um lugar…
Quantas vezes ficaste assim…na sombra?

Cathy

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