terça-feira, março 29, 2005

Retalhos

Peguei nos restos que havia
Dos sorrisos que a maré trazia;
Sem dizer nada a ninguém…
Onde colocava os que recolhia
E para que fim eu os queria;
Apenas que no mar buscava
Sorrisos molhados de maresia
Retalhos que a alma coleccionava.

Buscava não apenas sorrisos
Deixados na praia depois deixada
Mas pedaços de alma adormecida
Retalhos cosidos com a vida…

Peguei nesses bocados pequenos
Molhados, pingando nos dedos
Tesouros que tinham medos…
Aos poucos juntei uns e outros…
Fazendo o que fazem os loucos,
Dando vida com uma linha
Aos diferentes retalhos tortos,
Pensando ressuscita-los dos mortos.


E eram apenas retalhos…
Pequenos pedaços abandonados
Que foram vida mas deixados…
Retalhos…chocalhos de tristeza…
Não voltariam à vida de certeza.

Então segurei com o peito
Todos os retalhos coleccionados
E tristemente descosi a linha
Que os mantinha amarrados…
Andei na direcção da praia
E larguei-os como os agarrei
Com a mesma esperança
Que um dia de mim lhes dei…

Espero sejam apanhados por alguém
Que os queira e consiga coser...
Dando-lhes a vida que eu não tinha
Para conseguir faze-los...renascer.

Cathy

2 comentários:

Uma estrela errante disse...

Belas palavras profundas!

Espero sejam apanhados por alguém
Que os queira e consiga coser...
Dando-lhes a vida que eu não tinha
Para conseguir faze-los...renascer.


Beijinho

Isa

Kleitman Castro disse...

lindo poema...linda foto